Graça Excelsa
Letra: John Newton (1725-1807)
Título Original: Amazing Grace
Música: Compositor Desconhecido
Texto Bíblico: para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus. (Efésios 2:7)
Observação: A música deste hino é uma melodia tradicional Americana, publicada em 1831 na coletânea Virginia Harmony, por James P. Carrell e David S. Clayton
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1. Oh, graça excelsa de Jesus!
Perdido, me encontrou!
Estando cego, me fez ver;
Da morte me livrou!
Perdido, me encontrou!
Estando cego, me fez ver;
Da morte me livrou!
2. A graça libertou-me assim,
E meu temor levou.
Oh! quão preciosa é para mim
A hora em que me achou!
E meu temor levou.
Oh! quão preciosa é para mim
A hora em que me achou!
3. Mil lutas, dores, tentações
Caíram sobre mim,
Porém, a graça me salvou!
Feliz eu sou, enfim!
Caíram sobre mim,
Porém, a graça me salvou!
Feliz eu sou, enfim!
4. E quando ao Céu em glória eu for,
Ao lar de paz e luz,
Pra sempre, então, eu cantarei
Da graça de Jesus!
Ao lar de paz e luz,
Pra sempre, então, eu cantarei
Da graça de Jesus!
Veja a história deste hino
Este comovente hino é, sem dúvida, a mais representativa expressão de John Newton, “um dos grandes pregadores evangélicos do século XVIII”. E um dos maiores exemplos da graça de Deus de todos os tempos. Newton baseou o hino em I Crônicas 17:16-17, onde o Rei Davi expressa sua convicção de não ser digno de construir a casa do Senhor, e clama: “Quem sou eu, ó Senhor Deus, e que é a minha casa, para que me tenha trazido até aqui?”.
Conhecendo a extraordinária história de Newton, é fácil entender porque ele aplicou estas palavras de Davi a si mesmo. O hino originalmente incluía seis estrofes e foi intitulado “A Revisão e Expectativa da Fé”. Newton escreveu-o em 1779 e o incluiu na sua inovadora coletânea Olney Hymns (Hinos de Olney).
Este hino pode ser considerado autobiográfico, descrevendo os milagres que a graça de Deus fez na vida de John Newton. A graça de Deus continuou a ser sua obra na vida dele. Chegou a ser um pastor cuja bondade era marcante e ter um ministério prolífico, a produzir hinários e escrever livros importantes (seus sermões seriam estudados pela posteridade). Teve uma vida feliz e produtiva até o dia que faleceu em 21 de dezembro de 1807. Foi enterrado no pátio da igreja na qual serviu por 27 anos, no coração de Londres. A pedra do seu tumulo declara, com palavras que ele mesmo ditou:.
John Newton, clérico,
Uma vez um infiel e libertino,
Foi pela rica misericórdia do nosso Senhor
E Salvador, Jesus Cristo, preservado,
Restaurado, perdoado, e chamado.
Para pregar a fé que ele procurara por muito tempo destruir,
Perto de 16 anos, em Olney, Bucknghamshire;
E 27 nos nesta igreja.
Uma vez um infiel e libertino,
Foi pela rica misericórdia do nosso Senhor
E Salvador, Jesus Cristo, preservado,
Restaurado, perdoado, e chamado.
Para pregar a fé que ele procurara por muito tempo destruir,
Perto de 16 anos, em Olney, Bucknghamshire;
E 27 nos nesta igreja.
John Newton nasceu em Londres, em 24 de julho de 1725. Até sete anos, teve o carinho e ensino da sua piedosa mãe, membro duma igreja dos dissidentes. Diligentemente ela o ensinou. Aos quatro anos, John lia fluentemente. Aos seis, lia Virgílio em latim. Teve uma mente perspicaz e uma memória retentiva. Escrevia mais tarde:
Minha mãe armazenou minha memória (…) com muitas peças valiosas, capítulos e porções das escrituras, catecismos, hinos e poemas. Quando o Senhor, muito mais tarde, abriu os meus olhos, achei grande benefício em relembrá-los.
Mas, com a morte dela, John perdeu sua oportunidade de ser criado no evangelho. Passou dois anos numa escola onde seu tratamento era severo e sem amor. Aos onze, foi ao mar com seu pai, homem duro e seco. Nos anos vindouros, na sua rebeldia, foi de mal a pior, descendo cada vez mais na degradação. Mais tarde achou-se tripulante num “navio negreiro”, onde se juntou ao tratamento cruel dos infelizes escravos. Foi traído e deixado preso numa ilha, onde os seus maus tratos não o mataram pela bondade de escravos ao seu redor. Seu pai, chegando a saber da condição do seu filho por uma carta, secretamente enviada, conseguiu sua libertação.
Voltando para Inglaterra no navio Greyhound, na província de Deus, Newton havia achado e, no seu tédio, lido o livro A Imitação de Cristo, de Thomas A Kempis. De repente, a nau foi pega numa tempestade tremenda. Seu lado foi desmoronado e muitos tripulantes foram levados ao mar, sem mastro; todas as provisões perdidas, o navio, por 27 dias, flutuou a esmo. Todos a bordo, famintos e congelados, viveram entre a vida e a morte. Newton cria que sua morte estava eminente! Foi ali que ele viu a sua condição de pecador. “Voltou dramaticamente a Deus, repudiou sua vida de depravação, e chorou lágrimas de arrependimento.”
Pela graça de Deus, o navio não afundou. Newton, o mais blasfemo dos tripulantes, nunca mais usou o nome de Deus em Vão. Lia o Novo Testamento enquanto seus companheiros o miravam em espanto. Quando, milagrosamente, o Greyhound chegou em terra perto de Londonderry ao norte da Irlanda, no dia 8 de abril, o primeiro ato de Newton foi procurar uma igreja e lá orar.
A graça de Deus continuou a fazer sua obra na vida de Newton. Foi crescendo espiritualmente. Casou-se com Mary Catlett, uma excelente moça, a quem havia amado muito tempo. Voltou ao mar, capitão de outro navio negreiro. Nos seus navios mantinha cultos e procurou educar-se com um ambicioso programa de estudo de bons livros. Anos depois, ao crescer muito mais na fé, lamentou profundamente ter feito parte deste nefando tráfico, descrito tão dramaticamente pelo famoso poeta brasileiro Castro Alves. Tornou-se “forte e eficaz guerreiro contra a escravatura”.
Em 1754, Newton deixou o mar. Estabelecendo-se em Liverpool, trabalhou no porto e começou a preparar-se para o ministério. À noite, depois do seu trabalho, estudou teologia, hebraico, grego e os clássicos. Lá recebeu muita influência de George Whitfield e João Wesley, e em 1758, começou a pregar. Ordenado pela igreja anglicana (com auxilio de Lord Dartmouth e a Condessa Huntington, dois evangélicos de prestigio), foi nomeado para a pequena paróquia de Onley, no Condado de Buckinghamshire, permanecendo ali por 15 anos. Ali começou em frutífero e influente ministério.Newton começou muitas inovações. Usava histórias no púlpito, especialmente a da sua conversão. Além dos cultos na sua igreja, conseguiu um auditório grande e lá ensinava as crianças, de tarde, e aos adultos à noite. Grandes multidões foram ouvir o “velho capitão” e foram alcançadas desta maneira. Outra inovação: em vez de cantar somente os salmos métricos nos cultos, como era aceitável nas igrejas anglicanas, começou a usar hinos e, querendo expressar a religião simples do coração que ele estava ensinando, começou a escrevê-los. Pediu o auxilio do seu grande amigo William Cowper. Queria ter um hinário que fosse “um livro de instrução na fé evangélica, para ser cantado, lido e decorado”. Assim, com a cooperação de Cowper, publicou a célebre coletânea Olney Hymns, em 1779, hinário ao estilo Wesley, para a qual contribuiu com 280 textos. Há um bom número dos seus melhores textos ainda em uso mundialmente, depois de dois séculos.
Newton nunca se esqueceu do seu passado. Colocou na parede do seu escritório uma placa com versículo: “Pois lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito, e de que o Senhor teu Deus te resgatou” (Deuteronômio 15:15). No púlpito, usava o uniforme de marinheiro – “com uma Bíblia numa mão e o hinário na outra” – isso numa igreja anglicana onde o pregador usaria beca. Achou importante relembrar a si mesmo e aos outros, o quanto a “preciosa graça de Jesus” havia feito por ele.
Depois de Olney, Newton foi escolhido para pastorear uma das maiores igrejas em Londres,onde permaneceu por 28 anos até sua morte em 1807, “justamente o ano que o bom William Wilberforce, cuja conversão Newton encaminhou, conseguiu que o Parlamento aprovasse a lei que abolisse para sempre a escravidão em todos os domínios da Grã Bretanha.” Newton tornar-se o conselheiro espiritual de Wilberforce, e poucos meses antes da sua morte teve o prazer de parabenizar o estadista por seu sucesso, depois de um heróico esforço de 45 anos.
Alguns consideram que o maior dom espiritual deste servo de Deus era o de lidar com pessoas uma por uma. Os publicadores das suas cartas chamaram-no de “diretor de almas no movimento evangélico”. Foi descrito como “o escritor de cartas par excelence do reavivamento evangélico”. A Newton “foi dado um conhecimento do coração humano e de como o Senhor lidava com seu povo.” Todas as terríveis experiências da sua vida, sua conversão e chamada para o ministério, deram-lhe fama e “as pessoas vinham a ele para conselho e auxilio. (…) Viam nele alguém que podia entendê-los e entrar nas suas experiências com ternura e simpatia.”
Muitos que não podiam vê-lo em pessoa procuraram sua ajuda por carta. Newton entendeu a importância deste ministério. Foi muito diligente em praticá-lo.Escreveu: “É a vontade do Senhor que meu ministério maior seja por minhas cartas.”
A melodia AMAZING GRACE (Admirável Graça) é de origem desconhecida. Por muito tempo acreditava-se que seu primeiro aparecimento fora em 1831, na coletânea Virginia Harmony (Harmonia da Virginia), mas de acordo com um artigo no célebre periódico The Hymn (O Hino), a melodia apareceu na coletânea Columbian Harmonyem 1829. O arranjo usado no usado no H.A é de Edwin Othello Excell. Publicou-o no seu hinário Make His Praise Glorious (Faça o Seu Louvor Glorioso), em 1900.
Edwin Othello Excell (1851-1921) nasceu no condado de Sark, Estado de Ohio, EUA, filho de pastor da igreja Reformada Alemã. Trabalhou como pedreiro, quando jovem. Teve muitos dotes musicais, e foi muito procurado como professor em escolas de canto. Foi ao reger a música para uma conferência evangelística numa igreja metodista episcopal, que Excell reconheceu sua própria necessidade de ser salvo, e foi convertido. Daí interessou-se pela música sacra.
De 1877 a 1883, estudou com os músicos e publicadores George F. e Frederick Root (para quem Fanny Crosby forneceria tantos libretos). Começou a publicar coletâneas de gospel hymns com muito sucesso. Foi muito ativo no movimento nacional de Evangelismo, regendo nas convenções. Ajudou a iniciar a publicação das International Sunday School Lessons, lições publicadas ao redor do país. Foi líder da música de campanhas de evangelistas de renome. Aliás, foi durante uma campanha evangelística com o célebre Gipsy Smith que Excell faleceu em Louisville, Estado de Kentucky.
Excell compilou mais de 90 coletâneas. Auxiliou em mais 38 compilações de outros, inclusive as de Robert Coleman, que tanto contribuiu na hinodia dos Batistas do Sul (EUA). Compôs mais de 2.000 melodias. Sua cativante melodia para Conta as Bênçãos é uma das prediletas dos crentes brasileiros.
Bibliografia: Osbeck, Kenneth W. 101 Hymn Stories, Grand Rapids, MI, Kregel Publications, 1982.p.28.
Viajando pela Inglaterra, em direção às cidades de Oxford e Cambridge, passa-se por uma aldeia de nome Olney. Na pracinha desta aldeia encontra-se uma casa, agora transformada em museu, onde se encontram os pertences de um famoso poeta inglês chamado John Newton (1725 – 1807). Foi ali que ele nasceu e viveu grande parte de sua vida. Num canto no pequeno cemitério da aldeia, existe uma lápide, quase coberta de mato, com a seguinte inscrição: “John Newton, servo de Deus, outrora um infiel e libertino, um servo de escravos na África; foi pela rica misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, preservado, restaurado, perdoado e escolhido para anunciar a fé que por longo tempo procurou destruir”.
Newton era filho de um capitão de navio que trabalhava no mar mediterrâneo. Sua mãe morreu quando ele tinha apenas onze anos de idade. Sua infância, no entanto, foi marcada pela imoralidade, leviandade e pecado. Foi rejeitado pelo próprio pai devido a problemas com seus empregados. Newton foi, então, preso e deportado (algumas bibliografias citam que foi de Egito). Por alguns anos, ele serviu em navios de escravos, onde foi humilhado pela mulher de um mercador de escravos, passando a ser “escravo dos escravos”.
Assim, em estado miserável, este homem do mar caiu em si ao ler o livro de Thomas A. Kempis “Imitação de Cristo”. Mas a sua real conversão deu-se durante uma terrível tempestade, quando quase perdeu a vida.
Com a idade de trinta e nove anos, John Newton veio a ser um fiel ministro de Deus. Foi pastor numa igreja em Olney quase quinze anos e nesse período escreveu inúmeros hinos. Dentre os muitos hinos que escreveu está “Graça Excelsa” (outra tradução chama de “Maravilhosa Graça”) que parece ser um testemunho da sua conversão e da sua vida cristã.
A graça de Deus tem sido definida como o Seu favor imerecido. Foi esta graça que alcançou John Newton. Ele ficou maravilhado quando aprendeu que Cristo amou-o e morreu em seu lugar. Foi esta graça que o fez consciente de que era um pecador, “que a mim, perdido e cego, achou…” e que assegurou-o de que seus pecados todos foram perdoados. E assim é com todos nós. Somos grandes pecadores não só pelas transgressões feitas, mas também porque não cumprimos os padrões de Deus em nossas vidas. E esta Maravilhosa Graça, nos supre de tudo. Como crentes em Cristo continuamos a experimentar cada dia este favor imerecido através de nossas vidas. Cada dia Ele nos perdoa as falhas se nós Lhe confessamos. Cada dia Ele supre as nossas necessidades.
John Newton nunca mais cessou de se admirar da misericórdia e da graça de Deus para com ele. Sobre o armário de sua paróquia ele colocou os seguintes versículos bíblicos, que ali permanecem até hoje: “Enquanto foste precioso aos meus olhos, também foste glorificado” (Isaias 43:41) e “Lembrar-te-ás de que foste servo na terra de Egito, e de que o Senhor teu Deus te resgatou” (Deuteronômio 15:15).
Newton nunca esqueceu o mar. No final de sua carreira, como pastor na igreja, certa vez subiu ao púlpito com o uniforme de marinheiro, segurando a Bíblia numa de suas mãos e o hinário na outra. Sua memória já não funcionava tão bem e, às vezes, esquecia o que estava pregando. Alguém lhe sugeriu que se aposentasse, ao que ele logo respondeu: “O que? Pode um velho blasfemador africano parar enquanto pode falar?”.
Em outra ocasião, disse: “Minha memória está quase nula, mas lembro-me bem de duas coisas: que eu sou um grande pecador, e que Cristo é um grande Salvador”.
A música utilizada é “Amazing Grace” antiga melodia norte-americana, mas também este hino é cantado com a música “New Britain” publicada no Virginia Harmony de autoria dos Srs. James B. Carrell e David S. Clayton.
Na bibliografia existente, também se reconhece ao Sr. Haldor Lillienas como autor da letra e música do hino “Wonderful Grace of Jesus“. Este é o nosso hino nr. 204 – Maravilhosa Graça. Apesar de possuir uma mensagem semelhante a “Amazing Grace”, o hino do Sr. Lillienas é vigoroso e jubilante, enquanto que o hino de John Newton é intimista e meditativo.
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